Hidratação da paisagem na gestão florestal
Antes de se pensar no parcelamento e nas espécies florestais a compor os futuros mosaicos, há que pensar na criação de circunstâncias adequadas ao desenvolver da floresta, e das populações locais.
O design hídrico da paisagem, é uma metodologia de planeamento da paisagem com base no seu relevo natural, permitindo assim uma melhor distribuição da água no terreno e maior infiltração, usando as propriedades físicas da água.
Permite também aumentar em poucos anos a profundidade do solo útil, ou seja, a espessura de solo que é efectivamente explorada pelas raízes das plantas. Um aumento do volume de solo, explorado pelas raízes traduz-se num aumento de nutrientes e de água disponível para as plantas, resultando no aumento da produção obtida, seja em pastagens, cereais, fruta, hortícolas, etc.
Através da observação e análise da paisagem e do estudo da hidrologia na região, ficamos com uma ideia clara sobre o comportamento da água da chuva no local. Assim compreendemos onde a chuva cai, onde vai, de que forma podemos optimizar a infiltração.
Após este estudo e compreendendo a dinâmica da chuva no local, podemos então planear as melhores estratégias e técnicas para hidratar a paisagem e desta forma ajudar a reduzir o risco de incêndios, assim como outras vantagens:
Aumento de área de cultivo;
Possibilidade da rápida construção de solo;
Aumento da infiltração da chuva;
Facilidade de acessos na propriedade;
Manutenção mais económica e a possibilidade de sistematização dos processos de implementação, manutenção e colheitas;
De facto, um solo vivo e saudável aumenta a infiltração de chuva, para que a curto e médio prazo se reduza a necessidade de rega.
Princípios ecológicos para a hidratação da paisagem:
Planear, baseados em três princípios base para lidar com as escorrências superficiais: reduzir a velocidade, espalhar e infiltrar;
Definir zonas 5, florestas de cumeada e linhas de água, quando intocadas estas zonas aumentam a precipitação média do local;
Planear as preparações do terreno, consoante os declives, definir onde se constrói terraças e onde bastam valas de infiltração em contorno para alojar as árvores e arbustos;
Definir quais terraças ideais para acessos principais (nomeadamente acessos para combates a incêndios) e incliná-las longitudinalmente (0,5 a 1%) na direcção das charcas/barragens;Inclinar todas as terraças para o interior (2%) e longitudinalmente na direção das cumeadas secundárias (0,5 a 1%);
Desenhar com vista à cobertura viva e permanente do espaço florestado através de prados rústicos (ex. carqueja, tojo, serradela, giesta ou herbáceas/gramíneas anuais, ou mesmo prados de herbáceas, devidamente gerido através de cortes sucessivos) O gado pode e deve ser integrado;
Evitar o corte total da exploração florestal, fazendo rotação de plantações e colheitas, quer em monocultura, quer em policultura;